Minha querida cidade de Santa Branca tem um imenso tesouro cultural, em cuja superfície transparece o mínimo desse gigantesco potencial. Convidado a participar deste site, pelos prezados amigos; professor Ricardo Cabral e da jornalista Natalee Neco, que ora se inaugura, sinto-me honrado com a missão que ora abraço.
Eram os pacatos anos cinquenta que corriam com a tranquilidade e os desafios dessa época. O famoso bairro da Cachoeira Grande, era composto por um enorme território de vargens que margeavam o Rio Paraíba do Sul, Cachoeira Grande era alusivo a uma série de corredeiras e uma cachoeira que marcava este trajeto do lendário Paraíba do Sul.
O povo ribeirinho que por lá habitava era uma comunidade laboriosa e feliz. Nesse trecho de chão eram produzidos muitos produtos hortifrútis, cereais, frutas e suínos criados bem a moda antiga, porém com muita higiene. Diariamente, os sitiantes transportavam seus produtos para a cidade e a região onde comercializavam, adquiriam os itens necessários à manutenção da família e retornavam as suas propriedades. Povo simples e religioso edificaram ali numa das propriedades uma Capela de Santa Luzia, que era a padroeira do bairro. Tudo seguia a rotina normal, vida difícil porém sem esmorecer esse povo vencia os obstáculos reunindo em grupos e dividindo as tarefas.
Por volta do ano de 1.952 aparece por lá alguns homens estranhos, bem trajados e montados a cavalo com uma pasta de couro embaixo dos braços. Em cada propriedade apeavam e pediam licença para conversar sobre uma determinação da justiça. Deixavam uma intimação e a licença previa para que equipes de topógrafos efetuassem o levantamento de toda região. Suas terras estavam sendo desapropriadas para ceder lugar ao imenso lago da Represa da Light. Tristeza geral, a partir desta data teve início ao grande êxodo do nosso povo ribeirinho, dentro de pouco tempo tudo estava vazio e sem vida.
Assim aconteceu que em 1.956 muitas máquinas, caminhões e milhares de homens foram chegando e formando o grande canteiro de obras para a construção da Represa da Light, mais tarde oficializada como “Usina Hidrelétrica de Santa Branca”. As obras duraram quatro anos, com o término das obras em 1.960, fecharam as comportas e pela primeira vez houve a cheia das águas formando o imenso lago que toma parte territorial dos municípios de Santa Branca e Paraibuna.
A partir de então o lendário Rio Paraíba do Sul deixou de correr livre e solto por entre vales e montanhas com toda sua exuberância estava aprisionado nesse trecho de caminho de outrora. O que se vê na região da antiga Cachoeira Grande, são as águas escuras e silenciosas ondulantes ao sabor dos ventos que transparece uma grande orquestra executando a Valsa do Adeus, de um tempo lindo que findou.