A estreia do espetáculo de fé, cultura popular e combate à violência contra mulher será neste sábado, 28, às 17h, na Praça da Matriz do município
Em meados de 1916, uma mulher de 48 anos é assassinada pelo o seu marido em Santa Branca, no Vale do Paraíba. Dizem os relatos documentais que o motivo foi ciúmes. Um crime nada diferente do que vemos diariamente no Brasil. O fato curioso é que essa mulher, conhecida como Maria Graciana era tão querida na época que os anos foram passando e as pessoas criaram uma devoção especial a ela. Daí então - a fé santabranquense cria sua primeira e única santa popular.
O desenrolar desta história será recontada por meio de uma peça teatral: Bendita és tu, Maria Graciana entre as mulheres. O projeto é uma realização do ProAc (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo) Editais de 2018 com o apoio da Prefeitura de Santa Branca e a estreia será neste próximo sábado (28), às 17h, no Coreto da Igreja Matriz do município.
Para a criação do Bendita és tu, Maria Graciana entre as mulheres foram dez meses de pesquisa e criação cênica. A pesquisa foi documental, consultando os acervos públicos e históricos. Foram acessados a certidão de óbito oficial de Maria Graciana e o processo criminal do então marido, André Ferrara. Entrevistas com devotos de Maria Graciana também foram realizada e a partir da composição do material, o texto final foi inscrito. A história é verídica.
De acordo com Natalee Neco - proponente, pesquisadora e assessora de comunicação do projeto - o projeto tem a missão de reforçar as tradições do município. “A cultura popular e as tradições expressas afirmam a identidade social de uma determinada comunidade. A história da Maria Graciana faz parte da construção social de Santa Branca e retomar esse encontro reforçou ainda mais a importância da fé e das manifestações do povo para o município”, compartilha.
O espetáculo une religiosidade, cultura popular e combate à violência contra mulher. Juliana Caroline – dramaturga, atriz e produtora – afirma esse compromisso social que será transmitido pela arte. “Utilizar a linguagem teatral para explorar a cultura local de Santa Branca, será uma experiência significativa para refletir sobre religiosidade popular, sobre manifestações artísticas e também, sobre feminicídio, resgatando uma história que transita entre o século passado e o presente”, afirma.
Os atores santabranquenses Andressa Campos, Poliana Teixeira e Weverton Genú foram definidos por meio das oficinas de teatro e moçambique ministradas em maio deste, ambas oferecidas pelo projeto. Fazem parte da equipe também a diretora de arte Ana Cristina Freitas, o músico Thiago Silva, o designer e editor de vídeo Dannyel Leite, o cenógrafo e figurinista João de Oliveira e a fotógrafa Maria Eduarda Rezende.
O espetáculo gratuito com participação etária livre ainda prevê duas outras apresentações. Dia 5 de outubro, na antiga Capela da Maria Graciana, no bairro do Taboão, zona rural santabranquese e no dia 12 do mês mesmo, na cidade de Lagoinha.
A religiosidade popular no século XXI
O túmulo de Maria Graciana é um dos mais visitados no Cemitério Municipal de Santa Branca. Milagres são associados à santa popular - envolvendo muita devoção de seus fiéis. Entre as graças mais alcançadas estão pedidos destinados à animais de estimação, amores mal resolvidos, doenças e busca por trabalho.
Conheça toda a equipe do projeto: