Hoje eu abordo um tema diferente. Um tema de memória, sim memória cultural de um tempo que o nosso sagrado Rio Paraíba ainda liberto corria livre e solto e com muito menos carga de poluição, que a cada segundo é despejada em suas águas.
Nesse tempo, nós tínhamos vários pescadores que praticavam a pesca e dela faziam a geração de sustento das suas famílias: Os irmãos João Frederico Pereira e José Frederico Pereira, Francisco Bento, José Maria (popularmente conhecido como Zé Banana), Zé Peixeiro entre outros tantos pescadores amadores.
Os enormes e variados cardumes eram mais que suficiente para o sustento e a alegria de dezenas dos amantes da pesca esportiva. Dentre todo o trecho do Paraíba do Sul, dois lugares eram muitos famosos devido às suas cachoeiras e corredeiras: Cachoeira Grande e Funil, onde os peixes aglomeravam para a escalada e subida em direção as nascentes, onde faziam o ciclo reprodutivo para posterior descida aos pontos de origem.
Esse tempo infelizmente findou, agravado com a construção das represas de Santa Branca e Paraibuna, que praticamente encerrou o ciclo reprodutivo dos cardumes, agravado com o brutal aumento da poluição por toda extensão do sagrado Rio Paraíba do Sul.
Como resultado, a população de peixes já chega quase as vias de total extinção, salvo alguns espécimes de ainda resistem e continuam povoando minimamente suas águas, como por exemplo: A Piaba, Mandi Guaçu, Curimbatá e mais alguns tipos diferenciados.
Considerados extintos os seguintes peixes do Paraíba:
- Dourado (grande peixe de escamas douradas, predador natural que habitava nossas águas)
- Piabanha (grande peixe de escamas, espécie de prima do Dourado)
- Piririca (peixe de escamas)
- Piapara (peixe de escamas)
- Cascudo (peixe de couro grosso, muito resistente)
- Mandi chorão (peixe miúdo de couro, primo do Mandi Guaçu)
- Piquira (espécime primo do lambari, porém muito menor)
- Curimbatá Paulistinha ou Papa Terra (espécie primo do Curimbatá Mineiro, porém de tamanho menor)
- Sargento, ou Cadela Magra (tipo de peixe de escamas de porte médio)
- Nhacundá (peixe de escamas finas parecido com a truta, inclusive em tamanho)
- Anduiá (pequeno espécime de couro, muito resistente)
- Saguiru (pequeno peixe de escamas parecido com a Sardinha do mar)
- Bagre Amarelo (Era muito comum no Paraíba e ribeirões do nosso Município)
- Lambari (o mais popular peixe de escamas de pequeno porte, em extinção)
Pelo caminhar da história, se nada for feito para salvar o nosso sagrado Rio Paraíba do Sul, infelizmente dentro de pouco teremos um rio condutor de águas mortas sem nenhum vestígio de vida, e o pior, a população ribeirinha sucumbirá devido à ação predatória do próprio homem!