João Ferreira dos Santos, popularmente conhecido como “João Leitão” foi um dos ilustres filhos dessa nossa terra Santa Branca. Polêmico sobre todos os aspectos, João Leitão foi construtor, empreiteiro, empreendedor imobiliário, político e comerciante.
Ainda jovem começou a trabalhar na profissão de pedreiro e carpinteiro, tendo construído muitas casas e prédios comerciais na cidade. Anos mais tarde, casou-se com Marcília Porto, que seria a partir de então a sua fiel companheira em todas as ações.
Ainda recém-casado é convidado a trabalhar em pleno sertão da Mata Atlântica para construir algumas casas rudimentares para cenário do filme “O Caiçara” da produtora Vera Cruz. Encerrada as filmagens ele permanece com a esposa alguns anos morando ali no acampamento para zelar do patrimônio da produtora.
Anos mais tarde, regressa a Santa Branca e com algumas economias, une-se aos amigos Newton D’Amico, Itamar Rocha e o Deputado Amaral Furlan e lançam o projeto imobiliário Jardim Santa Branca as margens da represa. O projeto fracassa por falta de compradores. Porém, ainda com o resto de suas economias, resolve descer para a cidade de Caraguatatuba onde adquire uma boa área de terras, procede a estudos topográficos e lança um novo projeto imobiliário denominado “Bairro Tinga”, a venda é um sucesso. Permanece algum tempo por lá e anos depois retorna mais uma vez a sua terra Santa Branca.
Entra na política candidatando-se a vereador apoiando o candidato a Prefeito José Chaves Neto, é eleito, porém o candidato José Chaves perde as eleições, sendo eleito o candidato da oposição, Benedito Samuel de Oliveira. Torna-se um dos mais combativos e atuantes vereadores nessa época. Tempos depois as novas eleições, é reeleito vereador desta vez ao lado do amigo Waldemar Salgado.
Nessa época do governo Militar todos os partidos políticos são extintos e surgem apenas dois novos: Arena Aliança Renovadora Nacional e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). João Leitão filia-se na Arena partido governamental. Nesse tempo, acaba conhecendo Paulo Maluf, Prefeito da capital do qual seria um grande amigo.
Em 1.973, José Chaves Neto mais uma vez se candidata e é eleito Prefeito Municipal. João Leitão, animado com a frequência de amigos e pescadores no terreno do antigo loteamento as margens da represa, compra a parte dos amigos e sozinho, relança o projeto imobiliário que se torna um enorme sucesso. João gostou tanto do projeto que reserva um terreno no local e ali num cantinho próximo da represa cria o seu restaurante.
“A Toca do Leitão” que se torna o ícone do local a tal ponto do nome do restaurante se tornar oficialmente o nome do loteamento que, ao invés de Jardim Santa Branca acaba virando Toca do Leitão.
Ali estabeleceu ainda mais a sua fama de polêmico. Já habituados às respostas prontas ao pé da língua, muitos fregueses que vinham almoçar ali no restaurante famoso cumprimentavam o João Leitão, que muitas vezes estava li na beira d’água consertando a bomba ou arrumando os barcos ancorados.
Gritavam: - “Oi seu João, Bom dia! João lá de baixo respondia: - Bom dia, cambada. – Entre risos eles voltavam à fala: - Qual é o prato do dia? O João Leitão: É a mesma merda de sempre”. Depois de muitas risadas, os fregueses se dirigiam até o restaurante e lá estava Dona Marcília com suas mãos de fada na cozinha a preparar mais um delicioso prato de Leitão à Pururuca, com tutu de feijão, arroz, couve e farofa, era o carro chefe desse famoso Restaurante, além dos Lambaris fritinhos na hora como aperitivo.
João Leitão fez a fama desse lugar maravilhoso e graças a sua amizade com o governador Paulo Maluf, acabou ganhando a pavimentação da Estrada da Toca, hoje oficializada como Avenida Santa Luzia.
Tempos mais tarde, o casal resolveu alugar o estabelecimento e vir morar na cidade. Aqui abre uma pequena lanchonete, nesse meio tempo projeta mais um empreendimento imobiliário no imóvel de propriedade de sua filha adotiva, Homera. O empreendimento foi chamado de Jardim Santa Terezinha, que a exemplo do anterior, acabou ganhando o apelido popular de Braz Caxi e assim, é conhecido até os dias atuais.
João Ferreira dos Santos e Dona Marcília Porto foram santabranquenses ilustres que deixaram um legado de honradez e amor a terra como poucos.