A Folia de Reis é uma das tradições religiosas do povo brasileiro que vai sumindo, aos poucos, do cenário das cidades do interior
Manifestação da religiosidade católica popular, a Folia é uma forma que os antigos elaboraram para homenagear a solenidade do Natal.
Poderíamos narrar a Folia de Reis da seguinte forma:
“Ao longe se vê uma movimentação colorida. Fitas, estandarte, roupas estampadas, brocados e pequenos brilhos. Quando mais próximo se escuta o som de violas, tambores, sanfona e triângulos, e em meio a esses sons um canto em forma de lamento, característico do jeito caboclo de narrar suas dores e esperanças. Crianças correm, chegam perto, se assustam com os palhaços, depois se acostumam com tal esquisitice e começam a rodeá-los e a acompanhar o cortejo, aumentando a festa itinerante. A Folia visitará muitas casas, de manhã até a noite”.
Os palhaços representam os amigos de Jesus Menino que despistaram os soldados de Herodes, que saíram para matar os primogênitos, segundo a narrativa tradicional religiosa. Os palhaços da Folia usam máscaras, normalmente com barbas e bigode, e ao longo do percurso fazem coreografias e evoluções engraçadas na medida que o cortejo segue de uma casa à outra. As canções falam dos Reis Magos e de sua viagem pelo oriente em busca do Menino que havia de nascer. Guiados por uma estrela chegam a Belém, numa gruta, onde presenteiam a Jesus com ouro, incenso e mirra. A Folia de Reis é uma alegria, uma mistura de religiosidade, folclore, devoção e arte popular. Sua função máxima é visitar os presépios nas casas, abençoando assim os moradores, recolhendo prendas e donativos para uma causa ou apenas para manterem sua manifestação viva.
Há uma reflexão a ser feita no que diz respeito a continuidade dessa tradição: A Folia de Reis visita os presépios que são montados nas casas. Ali cantam, rezam, dançam e abençoam, porém com o declínio do hábito de montar presépios nas casas, penso que os poucos grupos de Folia que ainda existem, estejam encontrando alguma dificuldade em achar quem ainda os montem. Sem presépio para visitar, não há Folia para receber. Acaba-se com uma tradição e consequentemente mata-se outra.
As casas vão ficando pequenas, as religiosidades vão se transformando e as tradições vão desaparecendo.
Mas se existe em sua cidade um grupo de Folia de Reis, vá conhece-lo! Saiba da sua existência! Acompanhe, ainda que uma vez na vida aquela profusão de cores e sons, que visita pessoas e presépios, que marcam um Tempo que vai sumindo, que registra um Brasil que vai se apagando...
Junte-se à Folia de Reis e viva o colorido da nossa cultura popular brasileira. Aprecie antes que isso seja apenas memória.
Viva a Folia! Viva aos Reis Magos do Oriente! Viva o Menino Deus!