Mistura de cores, sons e genialidades artísticas, o Carnaval representa muito bem a mistura cultural que forma o brasileiro.
Espetáculo que encanta, seduz e move multidões e recursos. Desperta curiosidades, saudosismos, desejos e alegrias passageiras.
Divisor de águas de todos os anos, é a referência que usamos para “começar” enfim o novo ano, iniciado no primeiro dia de janeiro. O primeiro dia do ano não conta muito, conta sim a quarta de cinzas, que é quando o ano simbólico realmente começa a girar para muitos de nós.
Em muitas regiões do Brasil o carnaval ainda é espontâneo, mas em muitas capitais já se tornou uma máquina de poder e intrigas. Apesar de tudo isso, apresenta beleza e engenhosidade técnica.
A arte está presente em todos os aspectos do Carnaval e suas escolas de samba e seus carros alegóricos. Ali podemos encontrar o esforço dos músicos que compõem os sambas enredos. Vemos as fantasias elaboradas, desenhadas por estilistas e tornadas realidade pelas mãos de inúmeras costureiras, para quem o carnaval começa quando acaba outro, pois é com grande antecedência que o novo tema começa a ser elaborado. Os carros alegóricos, mistura de ciência, tecnologia e arte, são os andores das divindades humanas que sobre eles desfilam, belissimamente nus ou divinamente vestidos. O carnaval das grandes escolas deslumbra pelo colorido sedutor de todas as formas. Incendeia os sentidos, e faz pensar, por algumas horas, que a perfeição e a beleza são nossas companheiras do cotidiano.
No carnaval popular, onde a beleza estética não importa tanto, o que vale mesmo é brincar, seduzir, sorrir, pular e se arrastar bêbadamente até que o sono chegue, até que o cansaço ponha fim à disposição de festejar.
O carnaval nos revela a nós mesmos: nos fantasiamos daquilo que temos preconceito, daquilo que gostaríamos de ser e não somos. Damos abertura a um outro eu, que aparece por três ou cinco dias para depois mergulhar novamente sob um montinho de cinzas.
Carnaval: a festa das cores e dos sentidos.