"Era jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que, graças a esse artifício, conseguimos suportar o passado"
Esse é um trecho do livro O Amor Nos Tempos do Coléra, do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez. A obra também virou filme em 2007 e trata de um amor nutrido por mais de meia década. Foram cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias que, Florentino Ariza, um dos personagens, esperou por sua amada Fermina Daza. O motivo da espera e o que aconteceu com o casal ficam por conta do livro e do filme, que valem muito a apreciação, mas esse breve resumo já deixa claro que a história é sobre dois amantes que suportaram o tempo e o passado para concretizem um grande amor.
A arte está repleta de grandes amores. A própria Bíblia relatou uma história de espera de sete anos pela mulher amada. Com uma breve pesquisa, encontramos inúmeras histórias para inspiração. Mas, será que nos tempos atuais, teríamos exemplos próximos da descrição de amor detalhada em 1 Coríntios 13, na qual diz o real sentimento tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta?
O escritor Xico Sá, em sua coluna para jornal El País Brasil disse que o Dia Dos Namorados datou, pois em tempos tão líquidos e escorregadios, são necessárias maneiras de se reinventar o amor quando não se sabe ao certo mais o que é o namoro ou o amar. Definição perfeita e lamentável.
Eu prefiro acreditar que essa liquidez ou falta de paciência em amar seja apenas mais uma das crises da sociedade contemporânea. Eu prefiro acreditar também no eterno Belchior, quando ele afirma em sua canção que não há como se esquecer de amar e que, o coração é para a gente dar.
É necessário doação e paciência. O momento certo para isso surgirá por meio dos sentimentos. O amor não se explica, se sente. E quando ele surgir, valem os esforços.
Em uma outra reportagem do jornal El País, um homem esperou 83 anos para casar-se com a mulher de sua vida. Devido à uma grave doença, ela faleceu após dois anos do casamento. Só que ele em nenhum momento hesitou em dizer que “a esperaria por quantos anos ou quantas vidas fossem necessárias, nem que fosse para ter um dia de amor com ela”.
Mais um exemplo comprovando que, apenas um dia vivido de amor pleno vale o esforço de toda uma vida.
Para os certos do encontro do amor, as demonstrações devem ser vividas todos os dias. Para os que esperam ou que estão tentando suportar o tempo ou passado, é válido ir contramão aos discursos rasos atuais. É necessário repensar e reinventar as formas de amor.
É afirmado biblicamente também em 1 Coríntios 13: Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. Pois bem, já que o amor é divino, acho que não corremos o risco de nos engarmos.
Feliz Dia dos Namorados!